quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Disputa entre potências por trás da guerra civil síria

Gráfico sobre o apoio internacional ao regime sírio ou à oposição
Foto: AFP Sophie Ramis/Gillian Handyside, mab, Leticia Bouyer
Gráfico sobre o apoio internacional ao regime sírio ou à oposição Foto: AFP Sophie Ramis/Gillian Handyside, mab, Leticia Bouye

Por trás da guerra civil que converteu a Síria em ruínas é travada uma batalha indireta entre potências como Estados Unidos, Rússia, as monarquias do Golfo e o Irã, que buscam assentar sua influência naquele país-chave do Oriente Médio.

Entrega de armas, apoio financeiro, lutas diplomáticas secretas: desde a guerra do Líbano nos anos 80, nenhum país concentrou ao mesmo tempo tal nível de violência e tantas lutas de influência por parte das potências regionais e internacionais.

Nestas disputas diplomáticas, alguns países ganharam influência, como Rússia, enquanto outros perderam e pareceram se distanciar do país, como Estados Unidos.

ESTADOS UNIDOS: da tentação de bombardear a uma retirada progressiva

O governo americano exigiu durante muito tempo a saída do presidente sírio Bashar al-Assad. Foi levantada inclusive a possível entrega de armas aos rebeldes sírios, como o país fez com os rebeldes afegãos na década de 1980.

A pressão de Estados Unidos, França e Grã-Bretanha foi aumentando sem pausa, e chegou ao seu auge em agosto de 2013, após o ataque químico realizado perto de Damasco. Desde o início da crise síria, os países ocidentais não haviam estado tão perto de bombardear a Síria.

No entanto, no último momento, o presidente americano Barack Obama preferiu não fazê-lo. Desde então, os Estados Unidos parecem ter abandonado a opção militar e matizam suas críticas ao regime de Assad. Este, mais forte em terra, envia a Genebra uma delegação importante.

RÚSSIA: a recuperação da influência no Oriente Médio

A crise síria permitiu à Rússia a recuperação de um papel de protagonista no cenário internacional. Fragilizada após a queda da URSS, em 1991, e desde então em grande medida incapaz de se opor aos caprichos ocidentais, a Rússia de Vladimir Putin cuidou pacientemente da situação, bloqueando toda intervenção militar na Síria com mandato da ONU e prosseguindo com suas entregas de armas a este país, estrategicamente crucial para sua influência no Oriente Médio.

No paroxismo da crise, quando as potências ocidentais estiveram a um passo de bombardear Damasco, Putin conseguiu impor a todo o mundo, em setembro de 2013, um acordo para o desmantelamento do arsenal químico da Síria sob a supervisão da ONU, freando, com isso, o desejo ocidental de intervenção, estratégia que permitiu à Rússia desempenhar o papel de protagonista no controle da situação.

MONARQUIAS DO GOLFO: confrontos através dos grupos rebeldes

Na linha de frente do apoio à oposição síria, os países árabes se enfrentam através dos grupos rebeldes.

Grandes financiadoras da oposição, as monarquias sunitas de Arábia Saudita, Catar e Kuwait, estiveram na liderança árabe dos esforços contra Assad, em especial dentro da Liga Árabe. Seu apoio aos rebeldes é tanto político quanto religioso e geopolítico. Trata-se de sustentar a maioria sunita da Síria contra a minoria alauita (setor do xiismo) no poder. Mas, ao mesmo tempo, o objetivo é contrabalançar a influência do Irã no Oriente Médio.

No entanto, paralelamente, as monarquias petroleiras travam entre elas uma guerra de influência. Fora da Síria pelo controle das instâncias de representação da oposição (Catar contra Arábia Saudita), e no próprio campo de batalha sírio entre grupos rebeldes.

IRÃ: o "padrinho" xiita do regime de Assad

Potência regional e aliado da Rússia, o Irã, cujo convite à conferência Genebra II provocou a ira da oposição, é o padrinho do regime sírio.

Irã e Síria são a pedra fundamental do arco xiita no Oriente Médio. A família Assad (o pai Hafez e o filho Bashar) permitiu ao Irã ter influência no Líbano, onde a milícia xiita Hezbollah é sua principal aliada. Os combatentes do Hezbollah apóiam o exército sírio nos combates contra os rebeldes.

O ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, advertiu antes da Conferência de Genebra que os que tentam excluir da mesma o Irã, convidado e que posteriormente teve seu convite retirado, lamentarão.

Fonte:www.diariodepernambuco.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário