quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

O nosso Francisco A exemplo do nosso santo hermano, dom Orani é agregador


Dom Orani, o nosso Francisco (Reprodução)

Não por imitação, porque ele já era assim antes, mas dom Orani Tempesta é a encarnação carioca do Papa Francisco, sua imagem e semelhança em estilo de vida e de obra. Ninguém mais parecido, não fisicamente, claro, mas de temperamento. É um caso de identificação, não de cópia. A exemplo do nosso santo hermano, é agregador (a palavra mais usada para defini-lo) e tolerante, combatendo na prática a discriminação e o preconceito. Como se sabe, ele pode frequentar o Palácio do Planalto, uma escola de samba ou a quadra do bloco Cacique de Ramos para receber uma homenagem ou para celebrar uma missa no dia de São Sebastião. “Incansável, ele transita em todos os segmentos”, testemunha Maria Cristina Sá, assessora da Arquidiocese há 40 anos, para quem dom Orani, paulista, é “o mais carioca dos nossos bispos, pelo jeito simples, alegre, acessível, acolhedor”.
Nada mais revelador da disposição evangelizadora do que sua agenda de compromissos no domingo, quando recebeu a notícia de que fora escolhido. Ele estava a caminho de uma visita a moradores da Cruzada São Sebastião, no Leblon, como contou a repórter Simone Candida. Dali seguiu para a Paróquia da Ressurreição, onde celebrou sua primeira missa como cardeal. Em seguida, dirigiu-se às comunidades do Pavão-Pavãozinho e do Cantagalo. A foto dele subindo a íngreme escadaria do morro, com um sol de 50 graus, metido naquela batina preta e pesada, me fez suar só de ver. Terminou o dia no Corcovado, rezando com fieis aos pés do Cristo Redentor.
Antes de conquistar a simpatia da cidade com seu trabalho pastoral, porém, dom Orani teve que moralizar a cúria diocesana. Ao assumir o cargo de arcebispo em 2009, ele encontrou um ambiente tumultuado por dois escândalos. Em um, o então encarregado da administração dos bens da instituição, monsenhor Abílio Ferreira da Nova, era preso no Galeão ao embarcar para Portugal levando 52 mil euros não declarados, escondidos em meias e na cueca. Ele era o sucessor no cargo do padre Edvino Esteckel, afastado por ter gasto R$ 14 milhões em despesas não justificadas, segundo uma auditoria feita na época. Entre as compras extravagantes, havia dois carros importados e um apartamento de luxo de 500 metros quadrados para hospedar o antecessor, dom Eusébio Scheid, quando viesse ao Rio.
Quais teriam sido os motivos que levaram à escolha de dom Orani como cardeal? Alguns atribuem ao seu sucesso como organizador da Jornada Mundial da Juventude. Ele não acredita. A hipótese mais provável é o conjunto da obra. Quem acompanha sua trajetória garante que ele não passou a se comportar assim para ser escolhido cardeal. Ele foi escolhido cardeal porque sempre se comportou assim.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/opiniao/o-nosso-francisco-

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